Aprendendo com a metodologia da ausculta social
Ausculta ou escuta?
Retomando Fernando de Azevedo com “Educação e cultura é coisa de garimpeiro” Sebastião Soares, da Fundação Tide Setubal, tentou em sua fala mostrar a diferença entre escuta e ausculta.
“Ausculta é mais do que escutar, é a piscadela, o gesto… A asculta social nasce com a dialógica”, baseada na colaboração, união e síntese cultural.
Se os projetos de mapeamentos só são apropriados quando conseguem dar algum sentido de pertencimento, a metodologia utilizada deve ser então a do auscultado e não do escutador.
A escuta em meio aos conflitos armados
No meio da guerrilha colombiana, um projeto de ausculta. Este foi um dos temas da fala de Jorge Blandón, da instituição Corporación Cultural Nuestra Gente, que trabalha com formação e capacitação humana e artística em algumas comunidades da Colômbia.
Em Medellín, desenvolveram um projeto cultural que esteve no centro do conflito armado, em regiões dominadas pelo narcotráfico e grupos insurgentes como ELN e FARC. Blandón contou que mulheres e homens que viviam ali apostaram em escutar a cultura daquela comunidade para que assim houvesse reconhecimento de que naquele território havia outras histórias de amor que não somente as de morte e guerrilhas.
O projeto cresceu e fóruns de escuta foram criados com o intuito de dar voz às pessoas que estavam silenciadas com o horror da barbárie que ocorria em Medellín. Também fizeram uma caravana pelo norte escutando as pessoas e desenvolvendo o projeto: “Medellín tiene su norte en la cultura”.
Ainda há muito por fazer, mas Medellín hoje já é reconhecida como uma cidade que deu a volta por cima por apostar na cultura!
Acesse aqui a apresentação de Pedro Tipula.
Em Medellín, desenvolveram um projeto cultural que esteve no centro do conflito armado, em regiões dominadas pelo narcotráfico e grupos insurgentes como ELN e FARC. Blandón contou que mulheres e homens que viviam ali apostaram em escutar a cultura daquela comunidade para que assim houvesse reconhecimento de que naquele território havia outras histórias de amor que não somente as de morte e guerrilhas.
O projeto cresceu e fóruns de escuta foram criados com o intuito de dar voz às pessoas que estavam silenciadas com o horror da barbárie que ocorria em Medellín. Também fizeram uma caravana pelo norte escutando as pessoas e desenvolvendo o projeto: “Medellín tiene su norte en la cultura”.
Ainda há muito por fazer, mas Medellín hoje já é reconhecida como uma cidade que deu a volta por cima por apostar na cultura!
Acesse aqui a apresentação de Pedro Tipula.
Ouvir para compreender
Hamilton Faria, do Pólis, abriu a mesa Escutatórias perguntando sobre quem faz os mapas cognitivos? Os mapas afetivos? Quem faz estas escutas?
Lembrou que estas ascultas são abordadas como um dos compromissos do “Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não Violência” da Unesco, ou seja, o compromisso de ouvir para compreender.
Em seguida citou um texto de Rubens Alves chamado Escutatória, segue um trecho:
“Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Lembrou que estas ascultas são abordadas como um dos compromissos do “Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não Violência” da Unesco, ou seja, o compromisso de ouvir para compreender.
Em seguida citou um texto de Rubens Alves chamado Escutatória, segue um trecho:
“Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.
(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...] Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.”
Debate da mesa de mapeamento e desenvolvimento social com arte e cultura
Durante o debate da mesa de Mapeamentos e desenvolvimento social com arte e cultura, a mediadora Ana Paula do Val questionou Gil Marçal e Eduardo Saron quanto a natureza do finaciamento do VAI e do Itaú Cultural, se é público, investimento a fundo perdido ou se está atrelado a alguma lei de incentivo fiscal, seja ela nacional, estadual ou municipal.
Marçal respondeu que o VAI funciona totalmente através de dinheiro público, e Saron explicou que o Itaú Cultural tem financiamento misto de quarenta milhões ao ano, numa proporção de aproximadamente meio a meio: vinte milhões de aporte direto do grupo Itaú e o restante pela utilização de incentivos fiscais – tendo como contrapartida da utilização dessas leis, a gratuidade, o mapeamento e a distribuição do conteúdo produzido pela internet.
Ana também questionou Marçal quanto a ausência de projetos de funk contemplados pelo VAI. Citou o mapeamento do SESC que não conseguiu atingir os grupos de funk e, tendo descoberto através de entrevistas feitas pelo Instituto Pólis no sul de São Paulo, que o funk está dominando a cena e disputando espaço com o hip hop, lança questões sobre como essa cultura altera a maneira de pensar, o cotidiano e até mesmo o posicionamento político das pessoas que vivem nesse meio. Ela chama a atenção para as novas linguagens, que sempre sofrem preconceito no início, e para as expressões híbridas, exemplificando com grupos que tocam rap mesclado com maracatu.
Hamilton lembrou que num depoimento, o próprio ministro da cultura, Juca Ferreira, afirmou que o funk é cultura, reconhecendo esta linguagem. E Marçal respondeu que o VAI aprovou projetos de funk em música, mas acredita que o movimento como um todo, agregado com a dança e outros elementos, é muito recente.
Marçal respondeu que o VAI funciona totalmente através de dinheiro público, e Saron explicou que o Itaú Cultural tem financiamento misto de quarenta milhões ao ano, numa proporção de aproximadamente meio a meio: vinte milhões de aporte direto do grupo Itaú e o restante pela utilização de incentivos fiscais – tendo como contrapartida da utilização dessas leis, a gratuidade, o mapeamento e a distribuição do conteúdo produzido pela internet.
Ana também questionou Marçal quanto a ausência de projetos de funk contemplados pelo VAI. Citou o mapeamento do SESC que não conseguiu atingir os grupos de funk e, tendo descoberto através de entrevistas feitas pelo Instituto Pólis no sul de São Paulo, que o funk está dominando a cena e disputando espaço com o hip hop, lança questões sobre como essa cultura altera a maneira de pensar, o cotidiano e até mesmo o posicionamento político das pessoas que vivem nesse meio. Ela chama a atenção para as novas linguagens, que sempre sofrem preconceito no início, e para as expressões híbridas, exemplificando com grupos que tocam rap mesclado com maracatu.
Hamilton lembrou que num depoimento, o próprio ministro da cultura, Juca Ferreira, afirmou que o funk é cultura, reconhecendo esta linguagem. E Marçal respondeu que o VAI aprovou projetos de funk em música, mas acredita que o movimento como um todo, agregado com a dança e outros elementos, é muito recente.
O processo acima da obra acabada
Eduardo Saron, do programa Rumos Itaú Cultural, iniciou sua fala agradecendo o convite sobretudo pela experiência de troca. Ele comentou que o Itaú Cultural tem vinte e dois anos de atuação, apenas dois anos a menos que o Ministério da Cultura. Em sua fundação, foi discutido se seria uma ferramenta de marketing do grupo Itaú ou se teria foco artístico. Saron afirmou que a escolha foi por esta última e disse: “hoje a identidade cultural da entidade está voltada para a reflexão em experimentações e pesquisas que possam intervir no cenário cultural de maneira orgânica e perene.”
A exemplo disso, falou do fomento ao jornalismo cultural para estudantes e professores de graduação em jornalismo. Boa parte dos estudantes que são contemplados pelo edital e passam pelos processos oferecidos, permanecem trabalhando na área após saírem da entidade.
Além disso, realizam uma “incubação” dos artistas por quase três anos para que saiam fortalecidos em suas identidades, repertórios, e sobretudo em suas redes de relacionamento. Saron afirma: “o resultado buscado não é necessariamente a obra acabada, mas o processo gerado para o candidato a partir de sua inserção no programa.”
Também realizaram uma pesquisa feita com selecionados no edital para músicos, acerca do perfil socioeconômico desses candidatos. Ao cruzá-la com dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, percebeu que geraram resultados parecidos.
Saron deixou seu email para quem quiser acessar a pesquisa ou levar alguma questão: eduardo.saron@itaucultural.org.br.
A exemplo disso, falou do fomento ao jornalismo cultural para estudantes e professores de graduação em jornalismo. Boa parte dos estudantes que são contemplados pelo edital e passam pelos processos oferecidos, permanecem trabalhando na área após saírem da entidade.
Além disso, realizam uma “incubação” dos artistas por quase três anos para que saiam fortalecidos em suas identidades, repertórios, e sobretudo em suas redes de relacionamento. Saron afirma: “o resultado buscado não é necessariamente a obra acabada, mas o processo gerado para o candidato a partir de sua inserção no programa.”
Também realizaram uma pesquisa feita com selecionados no edital para músicos, acerca do perfil socioeconômico desses candidatos. Ao cruzá-la com dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, percebeu que geraram resultados parecidos.
Saron deixou seu email para quem quiser acessar a pesquisa ou levar alguma questão: eduardo.saron@itaucultural.org.br.
Programa VAI
Gil Marçal apresentou o VAI – Programa para a valorização de iniciativas culturais, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que tem como objetivo financiar atividades artístico-culturais, não exclusivamente, mas prioritariamente para pessoas físicas, jovens e da periferia do município. A sigla VAI surgiu para transmitir a idéia de um programa que impulsiona as ações que estão começando a tomar corpo, e seus diversos parceiros, institucionalizados ou não, demonstram a simpatia que o programa desperta na juventude.
Acesse aqui a apresentação de Gil Marçal.
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