sábado, 7 de maio de 2011

FASC DE TODOS! COMO FAZER?

Aprendendo com a metodologia da ausculta  social

Ausculta ou escuta?

Retomando Fernando de Azevedo com “Educação e cultura é coisa de garimpeiro” Sebastião Soares, da Fundação Tide Setubal, tentou em sua fala mostrar a diferença entre escuta e ausculta.
“Ausculta é mais do que escutar, é a piscadela, o gesto… A asculta social nasce com a dialógica”, baseada na colaboração, união e síntese cultural.
Se os projetos de mapeamentos só são apropriados quando conseguem dar algum sentido de pertencimento, a metodologia utilizada deve ser então a do auscultado e não do escutador.
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A escuta em meio aos conflitos armados

No meio da guerrilha colombiana, um projeto de ausculta. Este foi um dos temas da fala de Jorge Blandón, da instituição Corporación Cultural Nuestra Gente, que trabalha com formação e capacitação humana e artística em algumas comunidades da Colômbia.
Em Medellín, desenvolveram um projeto cultural que esteve no centro do conflito armado, em regiões dominadas pelo narcotráfico e grupos insurgentes como ELN e FARC. Blandón contou que mulheres e homens que viviam ali apostaram em escutar a cultura daquela comunidade para que assim houvesse reconhecimento de que naquele território havia outras histórias de amor que não somente as de morte e guerrilhas.
O projeto cresceu e fóruns de escuta foram criados com o intuito de dar voz às pessoas que estavam silenciadas com o horror da barbárie que ocorria em Medellín. Também fizeram uma caravana pelo norte escutando as pessoas e desenvolvendo o projeto: “Medellín tiene su norte en la cultura”.
Ainda há muito por fazer, mas Medellín hoje já é reconhecida como uma cidade que deu a volta por cima por apostar na cultura!
Acesse aqui a apresentação de Pedro Tipula.
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Rodas de Paz

“O que é asculta? A primeira imagem que me vem a cabeça é um médico com seu instrumento.” comentou Martha Elisa, do Pontão Cultura e Convivência de Paz. No entanto, não é desta asculta que o debate trata, mas de um conceito mais amplo, que hoje é aplicado nas relações socioculturais.
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A asculta é uma das metodologias utilizadas nas atividades do Pontão para identificar atitudes de paz presentes nos coletivos e Pontos de Cultura que estabelecem relação direta com as políticas de desenvolvimento e cidadania cultural.
Assim, por meio da artemetodologia, 20 rodas de convivência foram formadas com 31 Pontos de Cultura. Durante as Rodas de Convivência foi possível observar e expandir da arte local, baseada em uma perspectiva da ‘Pedagogia da Circularidade’.
Apesar de durarem quatro horas, ao final das rodas, as pessoas saem com maior consciência sobre as ações de cultura de paz que desenvolvem no seu cotidiano. Ao contrário do que muitos pensam, diz Martha, “paz não é ausência de conflito, mas saber lidar com ele”.
É interessante notar como alguns espaços de convivência permitem relacionamentos únicos. Martha narrou uma roda de paz, que ocorreu em um Ponto de Cultura no Rio de Janeiro. De um lado, o Comando Vermelho e do outro, o Terceiro Comando. O Ponto de Cultura acabou se estabelecendo como um território em que certas relações são permitidas, mas que fora daquele espaço não é possível nem dizer que as pessoas que moram em Morros distintos se conhecem.
Mas o que encanta mesmo é “quando as pessoas percebem que já praticam cultura de paz”, independente do território em que isso seja possível.
Acesse aqui a apresentação de Martha Elisa


Dan Baron, da IDEA, começou sua apresentação com uma cancão em inglês e terminou em português cantando: “Viva os arte-educadores da América Latina! Viva os arte-educadores do mundo!”
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Após o canto, pediu para que o público se juntasse em pares e mapeasse a mão um do outro para assim descobrir os territórios pessoais de cada um: cor da pele, ossos, anéis, cicatrizes. Um ambiente pedagógico se formou e com muita descontração todos participaram da atividade.
Segundo Dan, a descolonização do corpo não acontece com palavras, pois a memoria do corpo é inalcançável com a linguagem de censura e auto-critica. É necessário mapear o corpo para descolonizar o imaginário. Realçou o poder da estética como uma possibilidade desta descolonização porque alcança lugares que a linguagem falada não ocupa. Se não mapeamos os território, afirma, “ficamos vulneráveis a ocupações culturais”.
Precisamos construir novos territórios coletivos e com uma nova leitura para então resignificar o futuro.
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Ao final, Dan Baron deixou claro que a pedagogia transformadora que defende, baseada em linguagens artísticas, é muito diferente de dinâmicas!
Acesse a apresentação de Dan Baron.

Ouvir para compreender

Hamilton Faria, do Pólis, abriu a mesa Escutatórias perguntando sobre quem faz os mapas cognitivos? Os mapas afetivos? Quem faz estas escutas?
Lembrou que estas ascultas são abordadas como um dos compromissos do “Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não Violência” da Unesco, ou seja, o compromisso de ouvir para compreender.
Em seguida citou um texto de Rubens Alves chamado Escutatória, segue um trecho:
“Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.
(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...] Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.”

Coffee break natural

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Debate da mesa de mapeamento e desenvolvimento social com arte e cultura

Durante o debate da mesa de Mapeamentos e desenvolvimento social com arte e cultura, a mediadora Ana Paula do Val questionou Gil Marçal e Eduardo Saron quanto a natureza do finaciamento do VAI e do Itaú Cultural, se é público, investimento a fundo perdido ou se está atrelado a alguma lei de incentivo fiscal, seja ela nacional, estadual ou municipal.
Marçal respondeu que o VAI funciona totalmente através de dinheiro público, e Saron explicou que o Itaú Cultural tem financiamento misto de quarenta milhões ao ano, numa proporção de aproximadamente meio a meio: vinte milhões de aporte direto do grupo Itaú e o restante pela utilização de incentivos fiscais – tendo como contrapartida da utilização dessas leis, a gratuidade, o mapeamento e a distribuição do conteúdo produzido pela internet.
Ana também questionou Marçal quanto a ausência de projetos de funk contemplados pelo VAI. Citou o mapeamento do SESC que não conseguiu atingir os grupos de funk e, tendo descoberto através de entrevistas feitas pelo Instituto Pólis no sul de São Paulo, que o funk está dominando a cena e disputando espaço com o hip hop, lança questões sobre como essa cultura altera a maneira de pensar, o cotidiano e até mesmo o posicionamento político das pessoas que vivem nesse meio. Ela chama a atenção para as novas linguagens, que sempre sofrem preconceito no início, e para as expressões híbridas, exemplificando com grupos que tocam rap mesclado com maracatu.
Hamilton lembrou que num depoimento, o próprio ministro da cultura, Juca Ferreira, afirmou que o funk é cultura, reconhecendo esta linguagem. E Marçal respondeu que o VAI aprovou projetos de funk em música, mas acredita que o movimento como um todo, agregado com a dança e outros elementos, é muito recente.

O processo acima da obra acabada

Eduardo Saron, do programa Rumos Itaú Cultural, iniciou sua fala agradecendo o convite sobretudo pela experiência de troca. Ele comentou que o Itaú Cultural tem vinte e dois anos de atuação, apenas dois anos a menos que o Ministério da Cultura. Em sua fundação, foi discutido se seria uma ferramenta de marketing do grupo Itaú ou se teria foco artístico. Saron afirmou que a escolha foi por esta última e disse: “hoje a identidade cultural da entidade está voltada para a reflexão em experimentações e pesquisas que possam intervir no cenário cultural de maneira orgânica e perene.”
A exemplo disso, falou do fomento ao jornalismo cultural para estudantes e professores de graduação em jornalismo. Boa parte dos estudantes que são contemplados pelo edital e passam pelos processos oferecidos, permanecem trabalhando na área após saírem da entidade.
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Além disso, realizam uma “incubação” dos artistas por quase três anos para que saiam fortalecidos em suas identidades, repertórios, e sobretudo em suas redes de relacionamento. Saron afirma: “o resultado buscado não é necessariamente a obra acabada, mas o processo gerado para o candidato a partir de sua inserção no programa.”
Também realizaram uma pesquisa feita com selecionados no edital para músicos, acerca do perfil socioeconômico desses candidatos. Ao cruzá-la com dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, percebeu que geraram resultados parecidos.
Saron deixou seu email para quem quiser acessar a pesquisa ou levar alguma questão: eduardo.saron@itaucultural.org.br.

Programa VAI

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Gil Marçal apresentou o VAI – Programa para a valorização de iniciativas culturais, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que tem como objetivo financiar atividades artístico-culturais, não exclusivamente, mas prioritariamente para pessoas físicas, jovens e da periferia do município. A sigla VAI surgiu para transmitir a idéia de um programa que impulsiona as ações que estão começando a tomar corpo, e seus diversos parceiros, institucionalizados ou não, demonstram a simpatia que o programa desperta na juventude.
Acesse aqui a apresentação de Gil Marçal.

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