segunda-feira, 30 de maio de 2011

Movimento PRÓ-FASC, simbolos e cidadania

Quem participou do dia de mobilização PRÓ-FASC, do último sábado, 28 de maio, se possível, não esqueça de preparar uma avaliação antecipada para levar a  reunião do próximo sábado, destacando   aspectos positivos,  negativos e sugestões para outros ações públicas PRÓ-FASC, pois garante a objetividade e uma melhor divisão de tempo para a discussão de outras questões. Quem não puder ir, gentileza enviar via e-mail.

No blog do PROFASC está disponivel um balanço que elaborei com base em observações que guardei na memória, como também algumas fotos tiradas na manifestação do dia 28 de maio. Esse texto já publicado  acrescenta  e reafirma alguns dos argumentos abaixo.

Em principio, não irei fazer uma avaliação do dia de mobilização, mas concordo que foi muito bom do ponto de vista simbólico pelo fato de ter sido o primeiro evento público do movimento, o qual, desde o periodo de sua criação (março de 2011)  se restringiu a ações de bastidores, como reuniões, audiências,   produção de textos  e etc,,

O aspecto simbólico, embora neglicenciados por ativistas ou militantes sociais e culturais, deve merecer mais atenção e cuidado da nossa parte, e em especial porque muita das vezes o simbolismo está contidos nos detalhes e estes podem dizer muito do que queremos, como da parte dos nossos adversários.

A palavra “simbólico”  deriva da palavra simbolo, a qual conforme o dicionário Aurélio quer dizer:
1. Aquilo que,  por um principio de analogia, representa  ou substitui outra coisa 2 Aquilo que, por  sua forma ou sua natureza evoca, representa ou substitui , num determinado contexto, algo abstrato ou ausente. 8 Alegoria, comparação, metáfora. 10 (psicologia) idéia consciente que encerra a significação de outra consciente, dentre outras definições dispostas no dicionário. 

No meu caso,  enquanto ativista social e cultural e como pesquisador em politicas culturais e em arte-educação venho com o decorrer do tempo me detendo em observar com muita atenção os símbolos tanto individuais, como coletivos,  que utilizamos para expressar a nossa visão de mundo, a qual  fundamenta as nossas idéias e atitudes.

Em termos de exemplos concretos quanto aos símbolos temos a linguagem que utilizamos, com o uso recorrente de um certo tipo e número de palavras  em detrimento de outras,  nossos gestos, aqueles mais recorrentes em   detrimento daquilo que fazemos menos,   os ditados, piadas,  brincadeiras populares, as cores e etc..

Por exemplo, no caso das cores, quem acompanhou as últimas reuniões da comissão, deve lembrar as diferenças de opiniões relativas a escolha do lilás como cor principal para a camisa do movimento PRÓ-FASC. Para um, essa cor por evocar o roxo, que em São Cristóvão está ligada  a devoção de Senhor dos Passos, não o deixa a vontade para usar a camisa. Já para uma outra pessoa, essa cor está associada  ao movimento gay (sic),

Quanto a gestos, alegrou-me  muito,  a presença generosa e o exemplo de consciência cidadã, da parte de Seu Jorge do grupo União, mesmo com a  idade avançada.  Todavia,  me entristeceu a informação a respeito de um ex-prefeito da cidade que preocupou-se em arrumar a faixa do movimento PRÓ-FASC para  tirar foto ao lado da mesma. 

Também lamento  o fato dessa informação  ter sido colocada para mim, no momento  da confraternização, bem depois da ocorrência do fato. Isso mostra como  a questão da não instrumentalização do movimento para fins partidários ou pessoais não depende somente das nossas vontades  e confirma o porque da desconfiança e descrédito que grassa no seio da população de São Cristóvão. Não por acaso, como simbolo dessa desconfiança a pouca presença de pessoas, inclusive de artistas da cidade, na manifestação do dia 28 de maio.


Em termos de gesto, da nossa parte, procurei não ficar muito próximo dos repórteres  de televisão e ao ser chamado por um deles, coloquei alguns aspectos da realidade do movimento e  depois de ter chamado os mais jovens da comissão para conversar com ele, me afastei e fui cuidar de outros assuntos.

Um gesto lamentável seria ficar em volta do repórter para aparecer  de qualquer jeito, contrariando o que eu e algumas pessoas da comissão tem afirmado que em termos de participação no movimento a presença  da juventude é fundamental.

Concordo plenamente, mas se não tivermos cuidado, acabaremos repetindo o erro costumeiro de utilizar a juventude como força de trabalho, mas sem considerá-los como lideres em potencial. O que, como consequência acaba levando ao afastamento de alguns jovens e evitando a aproximação de outros. 

Estes e outros aspectos do comportamento simbólico do povo sergipano e de São Cristóvão confirma a importância de estarmos atento para fazermos a leitura daquilo que está por trás de tantos gestos e atitudes positivos ou negativos para fortalecermos o que temos de bom e atenuarmos, minizarmos e erradicarmos  os efeitos negativos.

Sei que não é fácil, porque dentro de nós foram plantados desde criança  pensamentos e práticas  mesquinhas, preconceituosas, individualistas, autoritárias, fatalistas e etc.. por meio de entre outros, dos ditados populares,    tipo: “farinha  pouca meu pirão primeiro”,é preciso nos encostarmos em um pau que faça sombra”,  “em terra de murici cada um cuida de si”. “temos que nos conformar com tudo, porque é assim que Deus quer”; “comunista come criancinhas”; “maçom tem pacto com o diabo” dentre tantos.

E mesmo, quando nos distanciamos dessa linha de pensamento, somos pressionados por pessoas que estão presas aos valores expressos por esta e outras formas de (de) formação ideológica.

Por esse motivo, a movimentação em torno do FASC pode dar uma importante contribuição para o crescimento da consciência de participação cidadã em São Cristóvão, sobretudo em um ambiente de muita desconfiança e apatia da população com relação aos lideres, organizações e movimentos, tanto os que estão dentro das estruturas formais de poder,  como aqueles ligados a sociedade civil.

Em outras palavras, o mau e o velho coronelismo , frase que citei no depoimento “O  FASC  em minha vida”, não está dirigida apenas aos velhos e novos coronéis que dominam o aparelho estatal, mas diz respeito a vigilância e correção das nossas atitudes que simbolicamente expressam os valores que critiquei acima.

Sabemos que não é fácil, pois como disse o apóstolo Paulo: “As pessoas, muita das vezes não fazem o bem que quer, mas fazem o mal que não quer”.

Mas tentemos fazer, ousar e experimentar outra história, considerando o que disse Guimarães Rosa: “ O que Deus quer é a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre e amar, no meio da tristeza. Todo caminho da gente é resvaloso. Mas cair não prejudica demais. A gente levanta, a gente sobe, a gente volta”.

Zezito de Oliveira
30 de maio de 2011

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